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Mensagens

A mostrar mensagens de 2005
Natal Como prenda, dou-vos este post. Até porque me tenho esquecido das palavras deste blog. Feliz Natal para todos!
A minha prenda de Natal... Stick Boy liked Match Girl, he liked her a lot. He liked her cute figure, he thought she was hot. But could a flame ever burn for a match and a stick? It did quite literally; he burned up pretty quick. Stick Boy and Match Girl in Love , in "The Melancholy Death of Oyster Boy & Other Stories" , by Tim Burton
Com palavras Com palavras se fazem coisas com elas se desfazem. As palavras não decifram são enigmas matéria obscura luminosa. Com palavras se navega. com palavras se naufraga. Com palavras Manuel Alegre
Saudades Tenho saudades de escrever aqui. Quase tantas como as de me encontrar sozinho e ter tempo para ser algo mais do que sou.
LIBERDADE "Ai que prazer não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer! Ler é maçada, estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre bem ou mal, sem edição original. E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal como tem tempo, não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto melhor é quando há bruma. Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol que peca Só quando, em vez de criar, seca. E mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças, Nem consta que tivesse biblioteca..." Fernando Pessoa
Leituras... "Muitos dos futuros escritores careciam de algo tão fundamental como a simples experiência da vida. Pensar que se pode escrever primeiro e pensar depois é um erro pós-moderno. De facto, muitos jovens desejam ser escritores porque querem fazer vida de escritores. Primeiro vive-se e depois, quem quiser, poderá avaliar se tem qualquer ideia para transmitir; e isso vai ser decidido pela própria vida. A literatura é fruto da vida, não é a vida que nasce da escrita ." Jostein Gaarder, em "O vendedor de histórias" (sublinhado acrescentado)
Eugénio de Andrade: (1923 - 2005) "(...) Não temos já nada para dar. Dentro de ti não há nada que me peça água. O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas. Adeus."
Meu amor, meu amor Meu amor, meu amor meu corpo em movimento minha voz à procura do seu próprio lamento. Meu limão de amargura, meu punhal a escrever nós parámos o tempo, não sabemos morrer e nascemos, nascemos do nosso entristecer. Meu amor, meu amor meu nó e sofrimento minha mó de ternura minha nau de tormento este mar não tem cura, este céu não tem ar nós parámos o vento, não sabemos nadar e morremos, morremos devagar, devagar. José Carlos Ary dos Santos (se pões o Fernando Tordo a cantar eu deixo a Amália soltar a voz)
Coro da Primavera Ergue-te ó Sol de Verão Somos nós os teus cantores Da matinal canção Ouvem-se já os rumores Ouvem-se já os clamores Ouvem-se já os tambores Livra-te do medo Que bem cedo Há-de o Sol queimar Zeca Afonso
Tourada Não importa sol ou sombra camarotes ou barreiras toureamos ombro a ombro as feras. Ninguém nos leva ao engano toureamos mano a mano só nos podem causar dano espera. Entram guizos chocas e capotes e mantilhas pretas entram espadas chifres e derrotes e alguns poetas entram bravos cravos e dichotes porque tudo o mais são tretas. Entram vacas depois dos forcados que não pegam nada. Soam brados e olés dos nabos que não pagam nada e só ficam os peões de brega cuja profissão não pega. Com bandarilhas de esperança afugentamos a fera estamos na praça da Primavera. Nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça e fazermos da tristeza graça. Entram velhas doidas e turistas entram excursões entram benefícios e cronistas entram aldrabões entram marialvas e coristas entram galifões de crista. Entram cavaleiros à garupa do seu heroísmo entra aquela música maluca do passodoblismo entra a aficionada e a caduca mais o snobismo e cismo... Entram empresários moralistas entram frustrações entram
Moinho de vento... Impressão digital Os meus olhos são uns olhos. E é com esses olhos uns Que eu vejo no mundo escolhos Onde outros com outros olhos, Não vêem escolhos nenhuns. Quem diz escolhos diz flores. De tudo o mesmo se diz. Onde uns vêem luto e dores Uns outros descobrem cores Do mais formoso matiz. Nas ruas ou nas estradas Onde passa tanta gente, Uns vêem pedras pisadas, Mas outros, gnomos e fadas Num halo resplandecente. Inútil seguir vizinhos, Querer ser depois ou ser antes. Cada um é seus caminhos. Onde Sancho vê moinhos D. Quixote vê gigantes. Vê moinhos? São moinhos. Vê gigantes? São gigantes. António Gedeão, Poesias Completas
Tenho um livro novo... "No ano dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescentes virgem. Lembrei-me de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar os seus bons clientes quando tinha uma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma das suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza dos meus princípiios. A moral também é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, tu verás." Gabriel García Márquez, em Memórias das minhas putas tristes
Um poema para mim... Soneto Fecham-se os dedos donde corre a esperança, Toldam-se os olhos donde corre a vida. Porquê esperar, porquê, se não se alcança Mais do que a angústia que nos é devida? Antes aproveitar a nossa herança De intenções e palavras proibidas. Antes rirmos do anjo, cuja lança Nos expulsa da terra prometida. Antes sofrer a raiva e sarcasmo, Antes o olhar que peca, a mão que rouba. O gesto que estrangula, a voz que grita. Antes viver do que morrer no pasmo Do nada que nos surge e nos devora, Do monstro que inventámos e nos fita. José Carlos Ary dos Santos
Constatação: Hipatia escreveu: "E eu gosto de vir aqui espreitar, volta e meia e encontrar o baú repleto." É exactamente isso, este Baú funciona em regime de "volta e meia" :).