Poemas Verdes Diz o meu poeta que os poemas amadurecem... Como a fruta? Como as flores? Como o vinho? Como os amores? Assumo que os poemas amadurecem. Em quanto tempo? E em que idade? A idade do poeta? A idade do poema? A idade da poesia? A idade da literatura? Os meus poemas não amadurecem. São verdes. Eternamente verdes. Alguns talvez cheguem a ser verde-claro, verde-erva, verde-limão. Mas nunca maduros. Nunca saborosos. Nunca florescidos. Nunca encorpados. Nunca cúmplices. Sempre numa espécie de quase ser. Sempre como uma verde esperança de alimento, de beleza, de embriaguez, de sentimento. Sempre uma promessa. Uma grande promessa... Digo dos meus poemas, como o meu poeta diz de mim.
"Bem do fundo do baú da alma, libertam-se as letras, as palavras, as frases..."