Três sonetos de Deus ausente - 3 Porque Deus, se existisse, era o azul mais azul, a infância que não acaba. Era pai, colo, primavera, mil vezes raiar a mesma madrugada. E no desespero de um fim de tarde, haveria de aspergir sobre nós o seu olhar de infinita bondade, o calor do gesto, o cristal da voz. Tudo, tudo, outra vez seria novo, eterno mesmo só por um minuto: água de lume mais rosa do povo, voz, viagem, Penélope, Ulisses, som de piano, flauta, flor e fruto. Gostava tanto que Tu existisses! José Carlos de Vasconcelos, em Repórter do Coração
"Bem do fundo do baú da alma, libertam-se as letras, as palavras, as frases..."