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A mostrar mensagens de dezembro 7, 2003
O tempo O tempo existe, é real, é presente, é agora, é já! O tempo é vivo, é móbil, é estranho, é só! O tempo corre em horas mortas, tenebrosas, perde-se em horas vivas, alegres, encontra-se em horas plácidas, estáticas. Descansa ao pôr do sol, quebra-se na luz, sorri na penumbra, diverte-se na noite. O tempo é criança, é adulto, é idoso... Existe aqui, ali, além. Acompanha-nos, persegue-nos, foge-nos. O tempo acredita-nos, ilumina-nos... Traz tudo, vive em tudo, é cada coisa, cada palavra, cada imagem! O tempo vagueia perdido pelas ruas da memória. Brinca com a vida, joga com os sonhos, rouba-nos o sono e presenteia-nos com a esperança. Hoje descobri: afinal o tempo existe, afinal é real.
Sobre um Poema Um poema cresce inseguramente na confusão da carne, sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto, talvez como sangue ou sombra de sangue pelos canais do ser. Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência ou os bagos de uva de onde nascem as raízes minúsculas do sol. Fora, os corpos genuínos e inalteráveis do nosso amor, os rios, a grande paz exterior das coisas, as folhas dormindo o silêncio, as sementes à beira do vento, - a hora teatral da posse. E o poema cresce tomando tudo em seu regaço. E já nenhum poder destrói o poema. Insustentável, único, invade as órbitas, a face amorfa das paredes, a miséria dos minutos, a força sustida das coisas, a redonda e livre harmonia do mundo. - Em baixo o instrumento perplexo ignora a espinha do mistério. - E o poema faz-se contra o tempo e a carne. Herberto Helder
A que passa. Que se abram os chãos e se afastem os vermes porque ela passa. Ela passa porquê? Porque passa ela no tapete conformado da natureza? Ela passa porque vai. Passa mas não regressa. Ela passa porque é nossa, é de todos princípio, meio e finda. (A poesia não tem de ser bela por dizer coisas belas, a poesia é bela por ter significados. Um grande beijo, Jack * Elo. )
Abri o baú das palavras escritas no passado... Uma dor, dor de nada. Absurda, ridícula, irracional, inexplicável dor de nada! A rendiçăo... Passa suavemente as măos pelo teclado frio e começa a escrever. Palavras soltas, rimas trocadas, prosas incertas, sequęncias racionais de pensamentos sentidos na alma! Eis o final – mais uma sequęncia ilógica e desagrupada de poemas da madrugada. Um novo cigarro e de novo a brisa gélida da madrugada de Dezembro...
Way to blue... "Tell me all that you may know Show me what you have to show Won't you come and say If you know the way to blue?" Mais uma vez perdida nas músicas de Nick Drake...
Para ser grande Para ser grande, sę inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sę todo em cada coisa. Pőe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda brilha, porque alta vive. Ricardo Reis