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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro 23, 2003
"Se podes olhar, vę. Se podes ver, repara." "Os que encontram significaçőes torpes nas coisas belas săo corruptos e sem seduçăo, o que é um defeito. Os que encontram significaçőes belas nas coisas belas săo os cultos. Para esses há esperança. Eleitos săo aqueles para quem as coisas belas apenas significam Beleza." Oscar Wilde in "O Retrato de Dorian Gray"
Gritos mudos... (Retirado d'a caixa-de-chocolate da BuBbLeS )
Hoje o tempo parou... Hoje năo chove. Hoje năo está sol. Hoje năo há vento. Hoje o tempo parou. Hoje năo está frio. Hoje năo está calor. Hoje o tempo parou. Hoje o céu năo está azul. Hoje năo está negro. Hoje năo está branco. Hoje o tempo parou. Hoje os relógios marcam os segundos, os minutos, as horas. Hoje as horas, os minutos e os segundos passam deixando tudo parado. Hoje os troncos despidos das árvores năo rangem. Hoje as folhas caídas năo se elevam em turbilhőes de vento. Hoje o tempo parou. Hoje pensamos. Hoje acordamos. Hoje vivemos...e o tempo parou. Hoje os carros passam, as pessoas correm, as vozes soam...e o tempo parou. Hoje conhecemos. Hoje sabemos. Hoje sentimos, somos, cremos, agimos, vemos, sorrimos! E hoje o tempo parou! Hoje há calma. Há calma, há sossego, há saudade, há melancolia, há equilíbrio, há paz...há vida! Hoje há movimento, há dinâmica, há jogo... Hoje o tempo parou... O tempo parou e conseguimos ver, sentir...conseguimos por fim chegar a t
Que Futuro? O tempo passa devagar... só agora que a minha vida parou, tive tempo para notá-lo. Estou velha. Tenho na minha măo o relógio de bolso que o meu António costumava usar. Estava parado. Estava parado há já vinte anos, desde que aquela doença o levou. Deixou-me aqui só. Que futuro? Pensei entăo... Que futuro? Imaginei... Que futuro? Pensei ao acordar no dia seguinte, naquela cama vazia e gelada. Que futuro? Sussurrei enquanto descascava as batatas, fingindo que era um dia como qualquer outro, fingindo que ele năo tardava em chegar. Que futuro? Que futuro, a olhar para as minhas faces envelhecidas já entăo, aos cinquenta e sete anos. Que futuro, chorei ao ver este mesmo relógio prateado em cima da cómoda, parado... já năo se ouve o tic tac... O tic tac do teu coraçăo... Passaram vinte anos, e que futuro? Que futuro, que sonho, que ilusăo, que vida... năo sei. Passaram vinte anos e estou aqui. Passaram vinte anos e finalmente sou capaz de ouvir o tic tac
O meu amigo Caeiro Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade. Mas, como a realidade pensada năo é a dita mas a pensada, Assim a mesma dita realidade existe, năo o ser pensada. Assim tudo o que existe, simplesmente existe. O resto é uma espécie de sono que temos, Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença. Alberto Caeiro, 1-10-1917