Retrato do poeta Retrato do poeta Porém, se por alguém não sou ninguém Se canto e digo Flor, canção, amigo A mim o devo A mim e a mais a quem Floriu, nasceu, cresceu, lutou, comigo. Homem que vive só, não vive bem. Morto que morre só, é negativo. Morrer é separar-se de ninguém E contudo, com todos ficar vivo Nado-vivo da morte É isso, é isso Uma espécie de forno, de bigorna De corno morredoiro, que transforma Em fusão, o metal do compromisso Forjar o conteúdo pela forma Marrar até morrer E dar por isso . Ary dos Santos
"Bem do fundo do baú da alma, libertam-se as letras, as palavras, as frases..."