Amanhã vou ser feliz. Amanhã vou tirar fotografias à minha cidade. Vou conseguir mostrá-la através dos meus olhos. Vou pegar-te na mão e vamos passear. Eu vou ser eu em férias e tu vais ser perfeito como sempre. Vou fazer as minhas coisas. Sem mais. Só coisas minhas sem importância nem magia. Coisas de todos os dias, sempre para fazer amanhã. E amanhã vou usar as minhas lentes de ver o mundo. E vou parecer feliz nas fotografias. E vou estar no sítio onde estou, completamente. Amanhã vou estar e ser livre de tudo. E vou poder pensar e sorrir e brincar e acreditar em coisas de crianças outra vez. E vou ser outra vez como a Jo do Mulherzinhas e vou ler o Ivanhoe para cima da árvore que já não existe enquanto como maçãs vermelhas e me divirto com o som das dentadas. Amanhã vai chover torrencialmente e eu não me vou importar. E vou correr até ao farol e imaginar as aventuras dos cinco entre os barcos do mar da Póvoa. Amanhã vou saber de novo o poema do António Nobre que fala dos pesca...
"Bem do fundo do baú da alma, libertam-se as letras, as palavras, as frases..."