Dia do pai atrasado...
Um dia do pai atrasado, nas palavras lindas da mãe...
Ao meu pai...
mas há muito se esgotou o nosso tempo.
Ainda no teu copo metade da vida por beber
E já o fim…o completo escurecer!
Não é muito o que tenho a dizer.
Só queria poder contar-te do azul deste céu.
Contar-te do mar, destes campos verdes,
das montanhas, dos regatos,
para tu saberes como aprendi a ver
pelo teu olhar.
Sabes, às vezes ainda peço às borboletas
as asas emprestadas para poder ir
contar os segredos às flores. (lembras?)
Ainda sei o sabor das amoras dos silvados.
E leio sem ninguém ver,
histórias de príncipes encantados.
Só não aprendi a coragem, a ousadia
de ser eu,
antes de todos os outros.
Compreendo agora que não podias
ensinar-me
o que tu próprio não sabias.
E essa tua, minha cobardia
que às vezes tanto me dói,
faz de ti, o que sempre foste:
o meu Pai, o meu Herói…
que às vezes tanto me dói,
faz de ti, o que sempre foste:
o meu Pai, o meu Herói…
Lídia Borges
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