Mais uma vez...
Fecham-se os dedos donde corre a esperança
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquę esperar, porquę, se năo se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?
Antes aproveitar a nossa herança
De intençőes e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a măo que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.
Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.
Ary dos Santos
Fecham-se os dedos donde corre a esperança
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquę esperar, porquę, se năo se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?
Antes aproveitar a nossa herança
De intençőes e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a măo que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.
Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.
Ary dos Santos
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